Enquadramento Histórico do Aqueduto
Na Península Ibérica existia, na época denominada de Filipina, uma corrente cultural, social, política e económica que proporcionou a construção e restauro de um conjunto significativo de obras nacionais tais como: os Paços da Ribeira em S. Vicente de Fora e no Convento de Cristo em Tomar, considerados locais de passagem de monarcas. No caso deste último, existia um especial interesse por ser a Casa-Mãe da Ordem de Cristo e por ter como mestres, Monarcas Castelhanos.
O Convento de Cristo, era local de acolhimento e estadia de reis, membros de ordens militares e religiosas. Devido a sua localização tornava-se fundamental a construção de uma infra-estrutura que permitisse o acesso rápido de água, ao seu interior, pelo que se deu inicio à construção do Aqueduto dos Pegões em 1593, tendo sido concluída em 1614.
Por esta altura, e na opinião de alguns autores, existia em Portugal uma certa sensação de submissão e perda de identidade nacional, apesar do compromisso do monarca espanhol, na manutenção de todos os privilégios, usos e liberdades, que até aí vigoravam, jurado nas Cortes de Tomar em 1581. Havia também quem defendesse que durante essas duas décadas observou-se um crescimento no sector da construção e um desenvolvimento na área do ensino, proporcionando a instrução a moços fidalgos, nas artes da Arquitectura e da Fortificação.
Neste contexto, as denominadas empreitadas filipinas trazem novas construções de carácter monumental na qual se pode incluir o Aqueduto dos Pegões.
A concepção do Aqueduto teve o arquitecto italiano Filipo Terzi, como responsável. Este chegou a Portugal na época de D. Sebastião como mestre de fortificações, mas na sua obra também existe a referência à arquitectura civil e religiosa enquadrando-se, o estilo das suas construções, entre o Renascimento e o Barroco.
Enquadramento da Construção do Aqueduto
Antes do início da construção do Aqueduto dos Pegões e em toda a extensão de terreno envolvente do Convento de Cristo, existia um grande número de cisternas que recolhiam a água. Devido à inexistência de fontes próximas e à necessidade do seu uso sistemático, foi absolutamente prioritária a construção de condutas de água, para possibilitar, a canalização da mesma, até às cisternas existentes. Com esta finalidade, foi realizado um estudo hídrico em toda a zona envolvente, que permitiu concluir que a uma distância de 5,5 km a Noroeste existiam nascentes que reuniam todas as características para serem aproveitadas.
De entre essas nascentes, existiam duas em que os trilhos de água possuíam no início da mina, duas concavidades que permitiam desde logo a deposição, no seu fundo, de impurezas existentes. Foi a partir destes locais que foram escoados os cursos de água, com auxílio de condutas trabalhadas na pedra. Uma terceira nascente ia desaguar num troço entretanto já construído e ainda uma outra estava prevista no caminho em que iriam ser desenvolvidos os trabalhos do Aqueduto, e onde posteriormente foi construída uma casa abobadada.
A envolver a realização dos vários trabalhos, existia uma preocupação, que estava assente no facto, dos cursos de água terem de percorrer uma vasta distância entre as nascentes e o Convento de Cristo. Para além disso o caudal tinha que possuir estabilidade e permanente escoamento, por gravidade. Este problema foi colmatado enterrando o canal constituído por lajes em pedra com superfícies adequadamente polidas, permitindo-se deste modo uma inclinação apropriada e reduzindo o atrito. O canal em pedra era coberto por um lajedo, colocado em certos troços de pedra, tapando por completo o canal, além destes elementos, construíram-se acessos paralelos ao canal para que a ambos, fossem proporcionadas, limpezas regulares.
O Aqueduto percorre assim espaços com uma geografia acidentada e vasta, na direcção ao Vale dos Pegões em plena Felpinheira, por isso verificou-se a necessidade de construir uma “casa-de-água”, que continha um tanque com alguma profundidade, construído em laje de pedra escavada, que possibilitava que a água se deslocasse na parte superior do caudal, permitindo a deposição de resíduos no seu fundo, seguida de um conjunto de 12 arcos de volta inteira, que atravessava toda a zona.
Evolução da Construção do Aqueduto
Breve descrição de outros aquedutos existentes em Portugal
No mapa em baixo apresenta-se a localização e uma breve descrição de nove aquedutos existentes em Portugal Continental.
Fig.:Levantamento dos aquedutos existentes em Portugal (adaptado de http://www.viageiro.com/ e http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_aquedutos). (clicar nos pontos a vermelho para abrir pdf)
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